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Retrospectiva 2011 – Ligas Americanas

Billy Hunter e David Stern após o acordo - Patrick McDermott/Getty Images

2011 foi o ano da disputa trabalhista nas ligas esportivas americanas. Com exceção da NHL, a liga de hóquei no gelo que não apresentou negociações entre os proprietários dos clubes e o sindicato dos jogadores, as demais ligas tiveram que resolver problemas ou oportunidades de crescimento e desenvolvimento do esporte, e infelizmente estas disputas em muitos casos superaram a parte esportiva em cobertura de mídia neste ano.

O mais interessante é que o bem-sucedido locaute aplicado pela NHL sobre seus atletas em 2004, que acabou com a temporada 2004-2005 e representou uma sonora vitória da liga sobre os jogadores, foi o fator que motivou a NFL e NBA a aplicar um locaute em 2011, para arrancar maiores vantagens sobre seus jogadores. A NFL é a maior liga do planeta, e praticamente todos os times conseguem excelentes lucros devido a contratos de TV estratosféricos, e grandes receitas de ingressos e venda de produtos licenciados. Já a NBA sofre com a grande disparidade entre os clubes grandes e os pequenos, e a maioria dos times sofre com prejuízos, o que também ocorre com as finanças da liga, principalmente pelo alto investimento feito para expandir a liga e o basquete ao redor do mundo, e pela draga financeira chamada WNBA, liga profissional feminina que há mais de dez anos mescla um altíssimo nível de basquete com ginásios vazios e audiência mínima na TV.

Por estas razões, a maioria da opinião pública ficou do lado dos jogadores no locaute da NFL, que aproveitou para se aproveitar dos profissionais para encher os bolsos dos velhinhos milionários. No final das contas, não conseguiram muito sucesso, dividindo as conquistas, ganhando uma maior fatia das receitas mas perdendo no desejo de aumentar a temporada para 18 partidas e nos bilhão de dólares que eles pretendiam omitir do pote a ser dividido anualmente. No caso da NBA, o público dividiu-se bem mais, apesar de que a ganância dos proprietários foi muito maior, o que acabou contrabalançando as preferências. Os jogadores tiveram que abrir mão de grande parte das receitas, mas puderam manter vantagens como contratos garantidos e a manutenção da possibilidade de “forçarem” trocas para grandes equipes, apesar de que a punição para as equipes que extrapolem o teto salarial ter piorada bastante. Este link apresenta uma boa comparação entre o acordo de 2011 e o último, realizado em 2005.

A MLB deu um exemplo de respeito e bom relacionamento na renovação do acordo de 2011. Em poucas semanas os lados se acertaram, mesmo com mudanças interessantes e mais profundas que nas outras ligas, como o aumento do número de times nos playoffs e o envio de um time, o Houston Astros, de uma liga para outra, algo de imenso impacto.

Como torcedor e fã destes esportes, fico feliz que, mesmo com grande sofrimento, todas as ligas chegaram a um acordo. A NFL continua nadando de braçada, e apesar do risco de desgaste pós-locaute, a temporada de 2011 tem sido um imenso sucesso, e não parece que houve nenhum prejuízo. A NBA começa neste domingo, dia de Natal, e então veremos como será a recepção por parte do público. Eu já esqueci do locaute e estou ansioso pelo começo das partidas, e torcerei muito para que meu Miami Heat sagre-se campeão, algo que deixaram escapar por pouco no ano passado. Minha previsão para a NBA virá nos próximos dias, mas acho que vocês já sabem quem será meu pick para o caneco 🙂

Questionando o formato dos playoffs

Boston Bruins e Philadelphia Flyers nos playoffs da NHL - nhl.com

Maio é o mês onde os playoffs de duas das principais ligas norte-americanas (NBA e NHL) começam a esquentar, com as semifinais e finais das respectivas conferências. Estas ligas possuem sistema de playoffs muito semelhantes, com 16 equipes classificadas, sendo 8 em cada conferência, que são compostas por 3 divisões cada. Os playoffs dividem-se em quatro rodadas, cada uma delas disputada em uma série melhor de sete partidas, a última sempre disputada na casa da equipe de melhor campanha na temporada regular.

Eu sempre fui defensor deste formato, pois geralmente permite que a melhor equipe saia vencedora. Teoricamente, quanto mais longa a disputa, menor a chance de uma equipe inferior contar com a sorte, ajuda da arbitragem ou algum outro fator para superar um adversário superior. O formato originou-se ainda no século XIX, com disputas entre ligas rivais no beisebol americano. É provável que a disputa do título de 1884 tenha sido a primeira em formato superior a duas partidas.

Considero este formato totalmente adequado para o beisebol (MLB), pois neste esporte existe a figura do pitcher, que é o principal responsável por impedir que o adversário faça pontos, mas que devido ao stress e desgaste causado por dezenas de arremessos, não consegue atuar em partidas consecutivas, portanto uma partida é sempre diferente da anterior, já que a figura mais importante de cada time é trocada. Desta forma, a realização de múltiplas partidas torna-se necessária, para que uma equipe com conjunto superior ou mais equilibrado nas diversas posições possa vencer um adversário, mesmo que este possua um ou dois super arremessadores.

Na contramão deste modelo de múltiplas partidas está a NFL, onde as disputas restringem-se a um jogo elinminatório, devido à natureza do jogo, que causa grande desgaste físico a cada partida. Com exceção do Super Bowl, disputado em local pré-determinado (semelhante às Copas Européias), na NFL as equipes com melhor desempenho decidem esta partida única em casa, e podem aproveitar de vantagens como condições climáticas (os playoffs são disputados no inverno, e muitas vezes o campo está coberto de neve) ou o tipo de piso (grama sintética ou natural). Muitas equipes possuem elenco e estratégia apropriada para jogar em casa, aproveitando-se de alguma destas vantagens.

Meu questionamento sobre a eficácia deste formato para a NHL e NBA surgiu nesta semana, especialmente pelos resultados das últimas semanas no hóquei. Das 62 partidas disputadas até esta noite, um terço foi decidida na prorrogação, e mais da metade (55%) foi decidida apenas por um gol. Apenas 21% dos jogos apresentou vitória por 3 ou mais gols de diferença. Eu interpreto isso como extremo equilíbrio e imprevisibilidade, e portanto não sei se a realização de 3, 5 ou 7 partidas altera, ou torna mais ou menos “justo”, o resultado obtido.

No caso da NBA, a situação deste ano (e também histórica) é bastante diferente, mas isso deve-se à quantidade de pontos ser MUITO superior, e o fato de que muitos pontos que nada afetam o resultado serem anotados nos minutos finais de algumas partidas. Em mais de 130 partidas nas duas últimas edições (2010 e 2011), tivemos apenas duas partidas na prorrogação, menos de 20% dos jogos decididos por 1 a 3 pontos, e mais que isso em partidas decididas por 15 ou mais pontos. Vou analisar dados históricos da NBA, mas creio que não encontrarei grande quantidade de partidas na prorrogação ou decididas por poucos pontos, especialmente nas duas primeiras rodadas dos playoffs, portanto creio que o formato de maior quantidade de partidas permite que, na grande maioria das vezes, a melhor equipe saia vencedora do confronto.

Outra comparação entre estas duas ligas, que ajuda nesta análise, está no impacto que os principais jogadores têm no resultado do jogo. Devido ao imenso esforço necessário para patinar e ainda “jogar”, somado às inúmeras trombadas com adversários e com a cerca de vidro, um jogador de hóquei no gelo fica no rink por 20 minutos por partida, que dura 60 minutos. Desta forma, em 2/3 do tempo cada craque está assistindo de fora. A exceção fica para o goleiro, que de forma semelhante ao pitcher no beisebol, pode garantir o zero no placar e ganhar um jogo quase sozinho. Apesar disso e ao contrário do beisebol, a diferença de talento entre os goleiros não é tão grande, e praticamente todas as boas equipes possuem um ou até dois bons goleiros no elenco, o que reduz o impacto de cada um deles.

No caso da NBA, e especialmente durante os playoffs, muitas equipes utilizam apenas 8 jogadores na sua rotação, e as principais estrelas atuam por 35 a 40 minutos por partida, de um total de 48 minutos. Isto representa 75% a 80% do jogo, e num esporte com apenas 5 jogadores de cada lado, a equipe que possui os melhores jogadores individualmente geralmente se sobressaem. Vide o caso do meu Miami Heat, que oscilou muito na temporada regular mas está voando baixo nos playoffs, ancorado nos espetaculares Dwyane Wade e LeBron James.

No caso do futebol, o formato de duas partidas, utilizado há muitos anos em competições de clubes pelo mundo, me parece eficiente e ao memso tempo permite grandes emoções, pois no futebol uma equipe inferior pode superar um favorito, e duas partidas podem não ser suficientes para que o melhor time prevaleça. Considero o desempate por gols marcados como visitante interessante, mas não sei se é justo. Sei que com certeza é melhor que a decisão por pênaltis.

O que você acha desses diversos formatos de playoffs ?

Temporada de All-Star Games na NBA, NHL e NFL

Estrelas da NBA para o All Star Game - Rob Booth for ESPN.com

O final do mês de janeiro e começo de fevereiro oferece grandes emoções nas principais ligas americanas. Apesar do principal evento ser o Super Bowl, que será realizado neste próximo domingo, esta é a época onde realizam-se os All Star Games da NBA, NHL e da própria NFL. Devido ao grande desgaste físico causado durante as partidas, a temporada de futebol americano não descansa por volta da metade, para a realização deste jogo festivo, como ocorre nas demais ligas, incluindo a MLB, que realiza seu jogo das estrelas no início de julho, mesmo mês do jogo da jovem, ainda pequena mas cada vez mais relevante liga de futebol, a MLS.

O All Star Game original foi criado pela MLB, a mais antiga e tradicional liga americana, tendo sua primeira edição em 1933, no Comiskey Park em Chicago. O jogo é disputado entre jogadores das duas ligas, e a vantagem pertence à National League, com 41 vitórias e 38 derrotas para a rival American League. A NFL lançou seu jogo em 1938, e nos primeiros cinco anos a partida foi disputada entre o campeão da liga contra um time de estrelas. Parou por alguns anos e retornou com novo formato, em 1950, com partidas disputadas entre jogadores das conferências East e West até 1970, quando houve a fusão da NFL com a AFL, criando as conferências atuais, NFC e AFC. Desde 1979 o jogo é disputado em Honolulu, no Havaí, com exceção do ano passado, quando a liga tentou alterar o sistema e realizar o jogo no mesmo local do Super Bowl, mas sem sucesso. A vitória da NFC no último domingo deu vantagem no confronto, que agora está em 21 a 20 contra a AFC. A NHL teve jogos esporádicos em 1908, 1934, 1937 e 1939, até oficializar seu All Star Game em 1947. O formato alterou-se em dezenas temporadas, passando de um jogo entre os campeões e as estrelas, até divisão por conferências e nacionalidades. No jogo realizado no último domingo, a liga decidiu inovar e criou um jogo inusitado, mas que gerou muito burburinho e agradou aos torcedores. Após a eleição dos jogadores, os mesmos escolheram seis capitães, que na sexta-feira antes do jogo, selecionaram sua próprias equipes em um Fantasy Draft. O evento foi transmitido ao vivo na TV e foi um sucesso. Desta forma, os jogadores puderam montar suas equipes conforme suas preferências, e o resultado foi um jogaço no domingo, com placar de 11 a 10 para o time do capitão Nicklas Lidström, craque da defesa do Detroit Red WIngs, contra o capitão Eric Staal, pivô do time anfitrião da partida, o Carolina Hurricanes. A MLS possui um jogo desde sua temporada inaugural, em 1996, e conforma a NHL, teve diveross formatos. O atual, criado em 2003, é disputado entre um time de estrelas da liga contra uma equipe profissional do exterior, normalmente uma das principais da Inglaterra. São boas partidas que atraem muitos torcedores, para ver as estrelas da liga e os famosos jogadores europeus, em pré-temporada nos Estados Unidos. Em 2010 as estrelas sofreram sua primeira derrota, por 5 a 2 frente ao poderoso Manchester United.

Meu All Star Game favorito é o da NBA, por sinal minha liga favorita aqui nos EUA. O primeiro jogo ocorreu em Boston, no lendário Boston Garden, e o formato mantém-se intacto desde o início, com partidas entre os principais jogadores da Eastern e Western Conference. É o único jogo que tem um grande domínio de uma das equipes, com significativa vantagem de 36 vitórias contra 23 derrotas para a Eastern Conference. O jogo deste ano ocorrerá no dia 20 de fevereiro, no Staples Center em Los Angeles. Será uma grande festa e promete um jogo mais sério do que ocorre de costume, pelo espetacular talento dos times tirulares e o aumento das rivalidades na liga, devido à grande polarização que existe atualmente, com poucos times dominando os holofotes e a cobertura da mídia. O time titular do Leste é um assombro, talvez um dos melhores de todos os tempos. Derrick Rose, Dwyane Wade, LeBron James, Amare Stoudamire e Dwight Howard formam um time completo em todos os aspectos do jogo, principalmente no vigor físico e velocidade, tendo o único ponto fraco nos arremessos de longa distância. A equipe do Oeste terá Chris Paul, Kobe Bryant, Kevin Durant e Carmelo Anthony, e ainda não sabe o pivô, pois devido a mais uma palhaçada no processo eletivo da NBA, o chinês Yao Ming, que não joga há dois anos, foi eleito pelos seus compatriotas e terá que ser substituído pelo czar David Stern. A falta de pivôs é um sério problema no Oeste, e na minha opinião o escolhido para substituir o chinês será o espanhol Pau Gasol, excelente ala/pivô do time da casa, o Los Angeles Lakers. Este time seria outra máquina e pode fazer frente aos craques do Leste, especialmente pelas características e estilo de jogo diferentes, com melhor arremesso do perímetro e melhor habilidade para passes, mas sem um forte jogo dentro do garrafão.

Como acontece todos os anos, a escolha dos reservas causará polêmica e muita discussão sobre as injustiças. Nesta tarde os treinadores chamarão mais sete jogadores para cada lado (oito no Oeste, pelo problema de Yao). Aqui vão minhas escolhas pessoais, que certamente não baterão com as da liga: Eastern – Rajon Rondo, Joe Johnson, Paul Pierce, Josh Smith, Kevin Garnett, Andrew Bogut e Al Horford. Western – Deron Williams, Russell Westbrook, Manu Ginobili, Blake Griffin, LaMarcus Aldridge, Kevin Love, Dirk Nowitzki e Pau Gasol. Tenho certeza que veremos um jogaço, muitas enterradas e assistências espetaculares em Hollywood.